Os ambientes de TI estão constantemente mudando, e pequenos erros podem facilmente dar acesso a novos vetores. Isso tem aumentado a importância de conceitos como o de pentest, teste de intrusão, ou teste de penetração.
Essa popularidade pode ser exemplificada nos dados do relatório The State of Pentesting 2024: globalmente, as empresas gastam cerca de $ 164.400 (12,9% do seu orçamento total de segurança de TI) em avaliações de pentesting manuais.
Exercícios de pentesting, seja por meio de serviços de terceiros ou recursos internos, são os principais métodos que as organizações utilizam para validar sua segurança.
Neste artigo, vamos aprofundar mais nesse conceito, elencando tipos de pentests, como funcionam e como fazer esse teste de intrusão!
O que é e para que serve o pentest?
Pentest, ou teste de penetração, é uma simulação controlada de um ataque cibernético realizada por especialistas em segurança da informação.
No mercado financeiro, esse ponto é absolutamente crítico, pois instituições financeiras lidam com grandes volumes de dados sensíveis: informações pessoais e financeiras dos clientes.
Ao simular ataques reais, os profissionais conseguem identificar pontos fracos e fazer gestão de vulnerabilidades, como falhas de segurança, vazamento de dados, configurações incorretas, ou práticas de programação inseguras, e fornecer recomendações sobre como mitigá-las.
Dessa forma, ele serve para garantir que informações financeiras e pessoais sejam protegidas contra acessos não autorizados.
Além disso, muitas vezes, com base nas leis de cibersegurança, reguladores exigem que as instituições financeiras realizem pentests como parte de suas obrigações de conformidade para proteger os dados dos clientes.
Na prática, o pentest acontece, por exemplo, quando um banco testa sua aplicação de internet banking ou mobile banking para identificar possíveis brechas que permitiriam que um invasor acessasse contas de clientes.
Ou, então, uma instituição financeira faz testes em sua infraestrutura de rede para detectar vulnerabilidades que poderiam permitir ataques DDoS (Distributed Denial of Service) ou acessos não autorizados a sistemas internos.
Quais são os tipos de pentest existentes?
Quando falamos de pentest, existem diversas abordagens e tipos que podem ser aplicados, dependendo do alvo a ser testado e do nível de informação disponível para o testador.
Abaixo estão os principais tipos de pentest em termos de aplicação, seguidos pelos três tipos em termos de nível de informação:
- Pentest de aplicações web: focado em identificar vulnerabilidades em sites e aplicações web. Exemplos incluem testar a segurança de formulários de login, verificar a exposição de dados sensíveis, e analisar as defesas contra ataques comuns, como SQL Injection e Cross-Site Scripting (XSS). Em aplicações financeiras, é essencial garantir a conformidade com o conceito de privacy by design;
- Pentest de rede externa: tem como objetivo avaliar a segurança de uma rede corporativa a partir de um ponto de vista externo, simulando ataques de hackers que tentam acessar a rede através da internet. O foco é descobrir vulnerabilidades em firewalls, servidores, e outras infraestruturas expostas à internet;
- Pentest de rede interna: realiza testes a partir de dentro da rede da organização, como se o atacante já tivesse obtido acesso ao sistema. O objetivo é avaliar a segurança interna, identificar falhas de configuração e verificar a segregação de redes, controles de acesso e outras defesas internas;
- Pentest para mobile: esse tipo de pentest é específico para aplicativos móveis, tanto em iOS quanto Android. Ele envolve a análise de segurança do código-fonte, verificação de permissões e acessos, segurança das comunicações entre o aplicativo e o servidor.
White Box
No White Box Pentest, o testador tem acesso total a informações sobre o sistema, incluindo documentação de arquitetura, código-fonte, credenciais de acesso e detalhes sobre a infraestrutura de TI.
Essa modalidade é ideal para simular ataques cibernéticos a alvos específicos, com o máximo de vetores possíveis.
Um banco que desenvolveu internamente uma nova aplicação de internet banking pode realizar um white box pentest para garantir que o código-fonte esteja livre de falhas críticas antes do lançamento.
Grey Box
No Grey Box Pentest, o testador tem acesso parcial às informações do sistema. Isso geralmente inclui credenciais de acesso de usuários comuns e algum conhecimento básico sobre a arquitetura da rede ou da aplicação, mas não detalhes completos.
Este tipo de pentest é ideal para compreender o nível de acesso que um possível cracker obteria.
Um pentest desse tipo pode acontecer em uma aplicação financeira onde o testador começa com uma conta de usuário comum, testando se é possível escalar privilégios ou acessar dados de outros usuários.
Black Box
No Black Box Pentest, o testador não possui nenhuma informação prévia sobre o sistema. Ele deve descobrir as vulnerabilidades a partir de uma abordagem externa, simulando um ataque de um hacker real sem acesso interno ou conhecimento prévio.
Um teste de segurança em um site de banco público, onde o testador tenta explorar o site como um hacker externo, sem qualquer dado prévio sobre a infraestrutura ou código.
Para quem atua no setor financeiro, é essencial contar com um sistema de segurança robusto. Leia nosso guia completo de cibersegurança para instituições financeiras!
Como funciona o pentest?
Normalmente, as organizações contratam empresas especializadas para rodar seus pentests, uma vez que eles são requeridos para verificações ligadas a compliance ou até para a condução de testes complexos.
Com isso, elas também buscam ganhar uma visão externa e mais objetiva sobre o estado de sua segurança.
Mas é cada vez mais comum que as empresas aliem serviços externos ao trabalho de times internos e ferramentas de testes automatizadas.
Os pentests podem ser conduzidos manualmente ou automatizados. O pentesting manual é um grande investimento para avaliação de segurança intermitente, segundo o relatório de 2024 que mencionamos antes.
Por norma, são conduzidos com várias combinações de ferramentas que atendem diferentes necessidades, desde testagem de competências multivetores, automatizadores de tarefas redundantes, phishing, integrações e relatórios.
Pentests também podem parecer grandes e caros de executar. Mas, na verdade, é o contrário: são extremamente flexíveis e podem ser conduzidos de várias maneiras.
A escala e o orçamento, portanto, variam muito. Por exemplo, nem sempre o pentest vai cobrir toda a infraestrutura. Seu escopo pode ser focado nos sistemas críticos.
Normalmente o primeiro teste ajuda a organização a determinar uma lista de fraquezas em segurança prioritária, a fim de remediar as mais urgentes.
Depois, ela repete os testes a fim de assegurar que as ações corretivas foram implementadas com sucesso, melhorando sua segurança em sua totalidade.
Como fazer um pentest em instituições financeiras?
Realizar um pentest em instituições financeiras é um processo complexo e estratégico, devido à criticidade dos dados e sistemas envolvidos.
Seguindo as fases tradicionais de um teste de intrusão, é possível garantir uma avaliação profunda e abrangente da segurança cibernética.
Entenda o passo a passo abaixo!
1. Reconhecimento
A fase de reconhecimento é crucial para entender o ambiente alvo.
Em instituições financeiras, os pentesters coletam informações sobre a infraestrutura de TI, identificando sistemas, redes e aplicações críticas.
Fontes de dados incluem registros WHOIS, informações de DNS, perfis de redes sociais corporativas e outras informações públicas que possam revelar detalhes sobre a infraestrutura da instituição.
2. Mapeamento
Na fase de mapeamento, os pentesters utilizam ferramentas especializadas para escanear a rede da instituição financeira.
O objetivo é identificar servidores, dispositivos, portas abertas e outros ativos de rede. Esta fase é crítica para desenhar um mapa detalhado da infraestrutura, identificando áreas que podem ser vulneráveis a ataques cibernéticos, como ataques-ransomware ou brechas em sistemas de segurança.
3. Enumeração
Após o mapeamento, a fase de enumeração foca na coleta de informações mais detalhadas sobre os ativos identificados. Isso inclui detalhes sobre serviços em execução, contas de usuários, grupos de segurança, e configurações de sistema.
Para instituições financeiras, essa fase também deve considerar a presença e configuração de dispositivos de segurança como HSM (Hardware Security Module), essenciais para proteger chaves criptográficas e outros dados sensíveis.
4. Análise de vulnerabilidades
Com as informações coletadas, os pentesters realizam uma análise de vulnerabilidades. Nessa fase, eles buscam falhas em software, configurações inadequadas e qualquer outra brecha que possa ser explorada.
A análise considera cenários específicos ao setor financeiro, como a avaliação da robustez das políticas de segurança contra tipos de ataques específicos e a verificação da efetividade de uma política de backup para bancos, vital para a recuperação de dados em caso de uma invasão bem-sucedida.
5. Exploração
Nesta fase, os pentesters tentam explorar as vulnerabilidades identificadas para obter acesso não autorizado. Utilizando ferramentas e técnicas avançadas, eles simulam ataques que poderiam ser realizados por criminosos, testando a resistência das defesas da instituição.
Em um ambiente financeiro, essa etapa é particularmente delicada, pois envolve testar a segurança de dados críticos e sistemas financeiros.
6. Ganho de acesso
Se as vulnerabilidades exploradas realmente existirem, os pentesters conseguem acesso aos sistemas ou redes. Esse acesso é obtido de forma controlada, para garantir que não haja danos aos sistemas.
O objetivo é demonstrar que, caso um invasor real explorasse essas falhas, ele poderia comprometer os ativos da instituição. Ou seja, destaca a necessidade urgente de correções.
7. Pós-exploração
Após ganhar acesso, os pentesters analisam o que poderia ser feito a partir desse ponto. Isso inclui a escalada de privilégios para acessar informações mais sensíveis ou explorar outros sistemas dentro da rede.
No contexto financeiro, essa fase pode envolver a tentativa de comprometer dados de transações ou sistemas que utilizam blockchain, bem como verificar até que ponto as defesas internas podem ser contornadas.
8. Relatório
A fase final envolve a criação de um relatório detalhado, documentando todas as etapas do pentest. O relatório inclui as vulnerabilidades identificadas, os métodos de exploração usados, o impacto potencial das falhas, e recomendações claras para mitigar os riscos.
Para instituições financeiras, o relatório também deve considerar a conformidade com regulamentações de segurança e a necessidade de ajustes ou de tecnologias mais avançadas.
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