Um conceito que vem ganhando cada vez mais evidência no mundo dos negócios e, em especial, no setor financeiro é o ESG (Environmental, Social and Governance), ou ASG (Ambiental, Social e Governança corporativa), como é traduzido para o português.
Resumidamente, ESG são critérios de conduta ligados à sustentabilidade das empresas, visando, principalmente, os impactos dos negócios ao meio ambiente e à sociedade como um todo e como estes podem conduzir a riscos financeiros. Em investimentos, significa uma aplicação que, além das métricas econômicas, incorpora questões ambientais, sociais e de governança como parâmetros de análise.
Mas quais seriam os fatores determinantes do ESG?
São três pilares de avaliação ESG, que ajudam a verificar se a empresa é saudável financeiramente, lucrativa, além de socialmente e ambientalmente consciente.
Fatores ambientais: se relacionam com minimização dos impactos na natureza e uso adequado de recursos naturais, gestão de resíduos químicos, eficiência energética, etc.
Fatores sociais: como relacionamento com colaboradores, postura referente a inclusão e diversidade dentro da empresa, privacidade e proteção de dados e interação com as comunidades locais.
E fatores de governança: se referem a independência do conselho, ética, transparência na prestação de contas, combate à corrupção, entre outros.
Todos estes quesitos estão se tornando cada vez mais importantes e decisivos na escolha de investidores para a alocação de recursos. Dentro das empresas, o ESG representa mais do que adotar melhores práticas, significa incluir uma estratégia sustentável de longo prazo, que alie rentabilidade aos acionistas e valor à comunidade e sociedade.
Segundo o co-fundador e gerente da Fama Investimentos, Fabio Alperowitch, “o ESG é mais complexo do que apenas trazer um produto sustentável, é como a empresa se porta”.
ESG no mundo e no Brasil
De acordo com a XP Investimentos, mais de US$30 trilhões em ativos sob gestão são gerenciados por fundos com estratégias sustentáveis no mundo inteiro. Em janeiro deste ano, a BlackRock, maior gestora de investimentos do mundo, fez um importante anúncio, afirmando que deixaria de investir em setores intensivos em carbono – como a indústria de carvão – realocando os recursos para setores mais sustentáveis.
A demanda por produtos financeiros que seguem o ESG também cresceu no Brasil, tanto em clientes “private” quanto os do varejo, segundo o Itaú Asset Management. Alguns dos motivos são a queda da taxa de juros no país e o interesse em investimentos de médio a longo prazo.
Dados sem padrão e dificuldade para análise dos investimentos
Apesar do aumento da procura por ações que levem em consideração o ESG, os investidores que buscam conhecer as ações de sustentabilidade das empresas encontram dificuldades com a falta de dados consistentes e confiáveis.
Em pesquisa realizada pela XP Investimentos, com cerca de 30 mil investidores da corretora, da Rico e da Clear, o maior medo dos brasileiros é em investir em empresas que “só falam e pouco fazem” em relação a ações sustentáveis, o que é chamado de “greenwashing”.
Uma das razões para isso é a falta de padrões em relatórios com dados ESG no mercado. Algumas empresas tentam atender a crescente demanda de investidores interessados nestes fatores divulgando dados de acordo com suas próprias métricas, porém o resultado é que diferentes pontos podem ser relatados por empresas do mesmo setor.
Além disso, alguns dados de ESG que algumas instituições divulgam podem ser parcialmente mensurados ou contabilizados, ou seja, uma corporação pode relatar as emissões de carbono referente a toda produção, enquanto outra relata apenas as da sua sede.
Isso acaba exigindo dos investidores mais recursos para tentar interpretar dados, dificultando este processo e inibindo a entrada de novos participantes pela pouca transparência.
Então como saber se a empresa é sustentável?
Ainda que não tenha uma padronização, é possível acompanhar dados nos relatórios anuais e/ou de sustentabilidade de cada instituição, porém eles podem ser extensos e muito complexos para um investidor comum.
Uma dica importante para se ter em mente é que uma cultura sustentável efetiva começa de cima para baixo. Portanto, ao pesquisar sobre a sustentabilidade de uma empresa, procure em notícias de sites confiáveis algumas respostas como “Com que frequência esses temas são discutidos a nível de diretoria e conselho?” ou “Quais são as prioridades referentes à sustentabilidade na empresa e quais estão alinhadas à lógica de geração de valor?”.
Vale a pena também entender se a companhia possui incentivos e controles para disseminação de fatores sustentáveis dentro da empresa, ou seja, se os temas ambientais e sociais fazem parte da cultura e do dia a dia dos colaboradores, fornecedores e outros stakeholders.
Uma outra forma é terceirizar esta pesquisa, buscando análises de casas de investimentos e certificações. Normalmente as corretoras já possuem equipes especializadas nestes diagnósticos. Também é interessante saber se a instituição possui o selo ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da B3, que lista companhias que estão na bolsa e possuem as melhores práticas relacionadas ao tema.
Resumindo…
É inegável que a tendência é vermos o ESG influenciar cada vez mais o mercado de ações. Neste meio tempo, a pandemia da Covid-19 acabou servindo como catalisadora, escancarando a importância de termos uma visão mais holística dos investimentos, que leve em consideração a preocupação com o meio ambiente, a sociedade e as empresas, como um todo.
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