A pesquisa “Construindo Valor com Blockchain”, realizada pela Accenture, mostra que mais de 64% das iniciativas de Blockchain estão sendo financiadas por verbas de TI ou de pesquisa / inovação. O dado revela que o foco do investimento está na tecnologia de blockchain e não nas oportunidades que pode oferecer para o negócio.
O fato é que muitas empresas ainda não sabem bem como usar a tecnologia de Blockchain em seus negócios, pois 75% dos entrevistados na pesquisa veem a tendência apenas como uma forma de trazer mais inovação para a empresa. Porém, a tecnologia oferece diferentes aplicações e inúmeras oportunidades para os negócios.
Como a tecnologia de Blockchain é usada no mercado financeiro?
Inicialmente a tecnologia de Blockchain foi desenvolvida para o registro das transações realizadas com moedas virtuais de forma confiável e imutável. Para isso, são incluídas informações sobre a quantidade de moedas digitais que foram transacionadas, quem participou da transação — recebendo ou enviando —, quando as transações foram realizadas e onde foram registradas. Trata-se de um meio seguro e transparente para realizar transações com moedas digitais, umas vez que ainda há pouco controle sobre esses processo.
Mas além das transações financeiras, a tecnologia já vem sendo usada de diferentes formas no mercado financeiro, por conta das suas características e segurança. Veja alguns exemplos a seguir:
- Mercados capitais: o blockchain pode ser usado na emissão de valores, vendas, compensação, liquidação, em serviços e infraestrutura pós-negociação, na manutenção e gestão de ativos, custódia etc;
- Gestão de ativos: a tecnologia é usada no lançamento do fundo, no gerenciamento de tabela de limite, na administração de fundos etc;
- Pagamentos e remessas: pagamento de varejo, atacado e liquidação de valores mobiliários, pagamentos transfronteiriços, autorização tokenizada, stablecoins e criptomoeda, entre outras transações;
- Bancos e empréstimos: previsão e pontuação de crédito, organização, subscrição e desembolso de empréstimos, colateralização de ativos, etc.;
- Financiamento do comércio: em cartas de crédito e conhecimento de embarque, estruturas de financiamento;
- Seguro: no processamento e desembolso de reclamações, em contratos parametrizados e mercados de resseguros.
Na prática, a tecnologia de Blockchain armazena as informações dos grupos de transações em blocos. Cada bloco é marcado com um registro de tempo e data em que foi realizado e a cada novo período de tempo, um novo bloco é formado para registrar a transação, assim os blocos vão se conectando.
Mas além das aplicações citadas acima, novos tipos de usos estão surgindo. Veja alguns desses exemplos.
3 novas aplicações da tecnologia de Blockchain no mercado brasileiro
PIER
A PIER (Plataforma de Integração de Informações das Entidades Reguladoras) é uma solução desenvolvida para fazer o intercâmbio de informações entre a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Banco Central do Brasil (Bacen) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep).
A plataforma integra as informações entre essas agências reguladoras, registra os dados de uso, diminui os acessos indevidos e o histórico de consultas. O objetivo da ferramenta é permitir que os órgãos regulados possam cumprir com seus deveres perante o Estado da forma mais racional e previsível possível.
bConnect
O bCONNECT é uma ferramenta de compartilhamento de informações em rede. O sistema permite que as informações de cadastro das empresas certificadas pela Receita Federal como Operador Econômico Autorizado (OEA) e que utilizam os benefícios de facilitação dos procedimentos aduaneiros, tanto no Brasil quanto no exterior, sejam compartilhados com maior facilidade e segurança.
O sistema foi criado para facilitar o envio dos dados dessas empresas e as consultas das certificações de empresas estrangeiras. Assim, o sistema funciona como uma rede de compartilhamento de dados entre países que atuam com comércio exterior.
BlockIoT
A iniciativa do CPQD tem como objetivo usar a tecnologia de Blockchain para identidade digital de pessoas e coisas. O projeto pretende oferecer mais segurança, privacidade e confiabilidade na autenticação, no controle de identidade e de rastreabilidade dos objetos, além de permitir a auditoria de transações realizadas com IoT.
De acordo com José Reynaldo Formigoni, gestor de Soluções Blockchain do CPQD, “a internet foi criada sem a camada de identificação, o que gera vulnerabilidades nos diferentes sistemas de identidade e acesso usados atualmente. Blockchain viabiliza a criação dessa camada, por meio de um conceito totalmente disruptivo e seguro que é a identidade digital descentralizada, ou autossoberana”.
Em resumo, a adoção da tecnologia de Blockchain nas operações proporciona maior confiança e transparência para os serviços governamentais e em operações financeiras. Continue acompanhando o blog da RTM e fique por dentro das novidades sobre o uso das novas tecnologias no mercado financeiro.