Inovação tem a ver com unicidade e originalidade, logo com algo que no ambiente corporativo guarda-se a sete chaves. Será? Não quando se fala de open innovation ou, em português, inovação aberta.
No open innovation, a lógica é simples: não há empresa tão hábil nem tão grande que seja capaz de inovar sozinha, ou seja: ela precisa tanto trazer ideias e tecnologias externas para seu processo de inovação quanto levar ideias e tecnologias internas subutilizadas para os processos de inovação dos outros, que podem ser empresas, universidades ou startups.
O objetivo dessa interação? Unir esforços em colaboração, para chegar a um ganho que envolve não apenas quem inova, mas quem se beneficia dessas inovações. Isso porque, além de chegarem antes ao mercado, elas chegam mais maduras, mais baratas, mais efetivas e com menos riscos, pois são validadas e desenvolvidas com mais robustez.
E no mercado financeiro? A open innovation já está no core da maneira de enxergar a inovação no segmento. Para Gustavo Gierun, cofundador do hub de inovação da Distrito, a inovação aberta é uma ferramenta de transformação do setor.
“99% das organizações já entenderam que não existe outro caminho, senão esse. E isso é transformar pessoas, em primeiro lugar.” De acordo com Gierun, no entanto, essa transformação não é natural: é preciso cultura de inovação, uma conexão inteligente com as startups e a busca por alto impacto.
Para entender melhor a open innovation, nada como trazer exemplos. É o que faremos neste post. Mas antes vamos falar um pouco mais sobre como a inovação aberta está se dando no setor financeiro.
Open innovation no setor financeiro: não é mais futuro, é agora
Em um webinar promovido pela RTM, em dezembro de 2020, cujo tema era inovação aberta no mercado financeiro, Marcos Mueller, CEO da aceleradora Darwin Startups, falou que open innovation é algo necessário, não mais opcional no setor financeiro:
“O que vai precisar acontecer, especialmente quando se fala em inovação, é sair do nice-to-have. Antes as iniciativas em inovação estavam desvinculadas de metas de curto prazo, de algo que precisava ter resultado imediato, no próximo trimestre ou no próximo exercício. Inovação estava muito mais ligada aos próximos 10 anos.”
Segundo o CEO da Darwin Startups, a pandemia mudou isso. A incerteza fez com que o curto prazo fosse mais visado. Agora as organizações do segmento precisam de algo que possa impactar receitas, custos e processos imediatamente.
“[Inovação] Deixou de ser futurologia para ser mais dia a dia. A open innovation vai deixar de ser algo ligado ao futuro para entrar no que está tirando o nosso sono hoje.”
Isso tem levado a um amadurecimento no segmento, na visão de Mueller, em que sobretudo incumbentes repensaram sua estratégia de como interagir com outros players. O resultado foi respeito à visão, valores e anseios das startups, por exemplo, e a criação de uma cabeça pró-empreendedora.
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1. Programa Conecta RTM
Criado em 2016, o Conecta RTM tem em sua base o conceito de open innovation. Ele é um conjunto de iniciativas de que a RTM participa para criar um ambiente de colaboração e de troca de experiências, visando fomentar grandes ideias e, com elas, gerar negócios dentro do mercado financeiro.
Para isso, o ecossistema reúne colaboradores, parceiros, clientes, centros de pesquisa, startups e jovens visionários, que compartilham conhecimento e unem forças para enriquecer e agilizar o desenvolvimento de soluções.
Dentre as iniciativas estão:
- Darwin Startups: a aceleradora de microempresas nas áreas de Big Data, Fintech, TI e Telecom já contou com aporte, mentoria e validação da RTM na aceleração de mais de 60 startups.
- Byne: a RTM tem participação na empresa, que oferece solução para ambientes de comunicação crítica.
- Acate: a RTM é membro das verticais Conectividade & Cloud e Fintechs, interagindo com empresas destes mercados.
- Distrito: a RTM é mantenedora do hub de inovação, conectando-se ao Distrito Fintech para aproximação com startups e corporações do setor.
- Lift Lab: a RTM é parceira tecnológica do laboratório coordenado pela Fenasbac e pelo Bacen, cujo objetivo é a criação de protótipos para o SFN.
- Inovando em Casa: comitê formado por lideranças da RTM para discutir tendências nos segmentos de TI e Telecomunicações.
2. Cubo
O Cubo, iniciativa em open innovation do Banco Itaú Unibanco com a Redpoint eventures, é outro caso de incentivo ao empreendedorismo tecnológico no setor financeiro.
A rede conecta startups a empresas para gerar grandes encontros, que promovem boas ideias e geram negócios de alto impacto.
3. InovaBra
O inovaBra, criado pelo Bradesco, é um ecossistema robusto de inovação aberta. De acordo com Marcos Correa, especialista de inovação da iniciativa, o objetivo é ampliar a capacidade de entregar soluções para além das fronteiras de seus funcionários. Envolvidos nas várias ações da plataforma orbitam estão 170 startups, 75 venture corporate e 8.000 inovadores.
Segundo Correa, dentre as iniciativas estão:
- inovaBra habitat: ambiente de trabalho conjunto com startups, outras empresas, mentores, parceiros tecnológicos e investidores;
- inovaBra lab: laboratório em que se experimentam soluções de parceiros de tecnologia;
- inovaBra internacional: base em outros países para projetos de coinovação com outros bancos.
- inovaBra pesquisa: parceria com consultorias como Gartner e Forrester, para testar teses sobre tecnologias emergentes no segmento financeiro como blockchain e IA.
- inovaBra startups: parceria para instrumentação e validação de soluções com clientes reais. Nesta frente, já foram realizados 72 pilotos, outros 20 pilotos estão em andamento e já são 20 startups contratadas.
4. BMG UpTech
O BMG UpTech, do grupo homônimo, é mais um hub de inovação aberta do segmento. Além de prestar consultoria e suporte para o desenvolvimento de novos negócios, a iniciativa conta com espaço de coworking e investimentos financeiros em novos negócios. O objetivo é colocar startups em contato com o mercado.
Seguindo esse modelo, mais de 500 startups brasileiras e norte-americanas já receberam investimentos com o apoio do BMG UpTech.
5. Distrito
O Distrito, de acordo com o cofundador Gustavo Gierun, é uma plataforma de transformação digital baseada no conceito de inovação aberta. Em quatro hubs físicos e um digital, ela reúne 600 startups residentes e 65 corporações, e é responsável por mais de 500.000 interações mensais, que contam com:
- dados sobre investimentos e processos de transformação digital, com análises, reports e estudos de caso;
- banco de dados sobre startups, com dashboard setorial e dados sobre investimentos;
- ecossistema digital com agenda, plataforma de mentoria;
- ferramentas para a inovação aberta.
Saiba mais: Darwin e Distrito conquistam prêmios de inovação
Inovação aberta: sua empresa aberta à inovação
Já foi comum empresas dominarem toda a sua cadeia de valor. Porém, hoje isso gera pouca vantagem competitiva porque não promove a inovação. Por isso, a interação entre empresas, startups, universidades e setor público para poder gerar valor mais rápido, mais barato e mais eficiente será cada vez mais comum.
Não há visão de futuro para daqui cinco anos que não seja aberta. A open innovation é uma das ferramentas para a realização desse futuro. Com sandbox regulatório e open banking, há um mercado aberto por anos pela frente, que, se não for aproveitado, vai deixar muitas organizações pelo caminho.
Para se aprofundar no tema inovação em tempos de open banking, acesso o E-book: O que muda com o Open Finance?