A computação quântica tem se mostrado com um grande potencial para revolucionar diversos setores, incluindo o financeiro.
Diferente dos computadores clássicos, que utilizam bits para processar informações, os computadores quânticos utilizam qubits, que exploram as propriedades da mecânica quântica para realizar cálculos em uma escala e velocidade até então inimagináveis.
Embora ainda esteja nas fases iniciais do desenvolvimento e da implementação dessa tecnologia, instituições financeiras ao redor do mundo já começaram a investir em pesquisas e experimentos com computação quântica.
São esforços que visam principalmente otimizar operações complexas, como a modelagem de risco, a análise de portfólios e a detecção de fraudes.
Vamos entender melhor isso?
Boa leitura!
O que é computação quântica?
A computação quântica é um campo da ciência da computação que utiliza os princípios da mecânica quântica para realizar operações e processar informações.
Os computadores quânticos utilizam qubits, os quais possuem propriedades únicas que lhes conferem capacidades muito superiores aos bits clássicos, como:
- Superposição: um qubit pode estar em uma combinação de 0 e 1 ao mesmo tempo, graças a um fenômeno conhecido como superposição. Isso permite que os computadores quânticos realizam várias operações simultaneamente, aumentando exponencialmente sua capacidade de processamento;
- Emaranhamento: eles podem ser emaranhados, o que significa que o estado de um qubit pode depender do estado de outro, mesmo que estejam separados por grandes distâncias. Essa propriedade permite que informações sejam transmitidas instantaneamente entre qubits emaranhados, melhorando a eficiência e a velocidade dos cálculos;
- Interferência: essa computação utiliza interferência quântica para controlar a probabilidade dos resultados de cálculos quânticos. Isso permite a realização de algoritmos que são muito mais rápidos e eficientes que seus equivalentes clássicos.
As aplicações da computação quântica no mercado financeiro
Em 2022, 11% das instituições bancárias entrevistadas pela pesquisa da Febraban já estavam à frente desse movimento investindo nessa solução — o que corresponde a um valor de U$80 milhões.
A expectativa é que em 2032, sejam mais de U$18 bilhões investidos, nos quais U$15 bilhões são de maneira ofensiva e U$3 bilhões de maneira defensiva.
Hoje, uma das áreas mais promissoras para a computação quântica é a otimização de portfólios.
Tradicionalmente, a construção de portfólios eficientes requer a análise de um grande número de ativos e suas correlações, um problema que se torna exponencialmente complexo com o aumento do número de ativos.
Em um ambiente de negociação cada vez mais complexo, isso ajuda a reequilibrar investimentos em resposta às condições do mercado e reduzir custos de transação.
Os computadores quânticos, com sua capacidade de processar múltiplas possibilidades simultaneamente, podem encontrar soluções ótimas muito mais rapidamente do que os computadores clássicos.
A análise de risco é outra área onde a computação quântica pode ter um impacto significativo a longo prazo.
A capacidade de simular uma ampla gama de cenários e calcular probabilidades de eventos raros pode ajudar as instituições financeiras a identificar e mitigar riscos de maneira mais eficaz.
Além disso, a conformidade regulatória pode se beneficiar de uma análise mais detalhada e rápida dos dados financeiros, garantindo que as instituições atendam aos requisitos legais de maneira mais eficiente.
Finalmente, a detecção de fraudes é uma terceira aplicação prática que já está sendo explorada. Os algoritmos quânticos podem analisar grandes volumes de transações em tempo real, identificando padrões e anomalias que podem indicar atividades fraudulentas.
A capacidade dos computadores quânticos de processar dados em paralelo pode levar a um aumento significativo na eficiência operacional. Ou seja, tarefas complexas, que hoje podem levar horas ou dias, poderão ser concluídas em minutos ou segundos.
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Os impactos da computação quântica na segurança de instituições financeiras
A computação quântica, com todo o seu potencial transformador — e assim como tudo que é novo —, também apresenta desafios significativos para a segurança das instituições financeiras.
Um dos riscos mais significativos dela é a potencial quebra dos sistemas de criptografia atuais.
Muitos dos métodos de criptografia usados hoje em dia, como RSA e ECC (Elliptic Curve Cryptography), baseiam-se na dificuldade de problemas matemáticos que os computadores clássicos não conseguem resolver de forma eficiente.
No entanto, os computadores quânticos, utilizando algoritmos como o de Shor, podem resolver esses problemas rapidamente, comprometendo a segurança dos dados criptografados.
Além disso, se não forem adotadas medidas de segurança quântica adequadas, as instituições financeiras correm o risco de ter seus dados mais críticos expostos, resultando em vulnerabilidades como vazamentos de informações financeiras e pessoais de clientes.
A computação quântica pode também possibilitar novos tipos de ataques cibernéticos, afinal, os cibercriminosos podem usar essa tecnologia para lançar ataques mais sofisticados e difíceis de detectar.
Por isso, é crucial que as instituições financeiras também se preparem para os riscos associados e os protocolos de segurança evoluam.
Esses dois aspectos são essenciais para proteger contra as novas ameaças e garantir que os benefícios possam ser realizados sem comprometer a segurança das informações sensíveis.
Com investimentos estratégicos em segurança quântica, as instituições podem navegar com confiança rumo a um futuro onde a tecnologia bancária e essa computação coexistem de maneira inteligente e segura.
Como adotar computação quântica com segurança?
A evolução dos protocolos de segurança, o investimento em infraestrutura adequada e a preparação da equipe são fundamentais para uma implementação segura e eficaz.
Protocolos de segurança
Os métodos tradicionais de criptografia, como RSA e ECC, não são à prova de computação quântica e devem ser substituídos por algoritmos resistentes a ataques quânticos, conhecidos como criptografia pós-quântica.
Instituições financeiras devem começar a integrar algoritmos de criptografia pós-quântica em seus sistemas. Exemplos incluem algoritmos baseados em redes, códigos de correção de erros e funções de hash resistentes a ataques quânticos.
É essencial também desenvolver e implementar protocolos de comunicação que utilizem criptografia pós-quântica, garantindo que todos os dados transferidos estejam protegidos contra possíveis ataques quânticos.
Investimentos em infraestrutura
Junto a isso, a implementação segura da computação também requer investimentos significativos em infraestrutura tecnológica.
Isso envolve, por exemplo, adquirir hardware e software compatíveis com a tecnologia quântica, incluindo computadores quânticos experimentais e sistemas de simulação quântica.
Também é importante criar ambientes de teste seguros para experimentar e validar soluções de computação quântica antes de sua implementação em larga escala. Esses ambientes devem estar isolados para evitar riscos de segurança.
Preparação da equipe e governança
Além de investir em tecnologia e infraestrutura, a preparação da equipe e a governança adequada são essenciais para uma adoção segura. Por isso, é interessante:
- Capacitar as equipes de TI e segurança em conceitos e práticas de segurança pós-quântica;
- Estabelecer equipes dedicadas à pesquisa e desenvolvimento de soluções quânticas, bem como à gestão de segurança quântica. Essas equipes devem estar focadas em identificar e mitigar riscos emergentes;
- Colaborar com instituições acadêmicas, empresas de tecnologia e consórcios de segurança para compartilhar conhecimentos, recursos e melhores práticas na adoção;
- Atualizar políticas e procedimentos de segurança para refletir os novos desafios trazidos pela computação quântica.
Adotá-la com segurança é um processo complexo que exige uma abordagem multifacetada para se garantir segurança.
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