PTEN

rtm-logo__1_

Compartilhe

Resolução 4966: entenda as mudanças e o que diz o Bacen
PorRTM

Desde que a Resolução 4966 do Conselho Monetário Nacional foi publicada, muita gente do mercado começou a se perguntar: o que realmente muda na prática? 

A nova norma muda as regras para instituições financeiras no Brasil e isso afeta a maneira como elas lidam com riscos e classificam seus ativos — o que tem impacto direto sobre bancos, fintechs e gestoras de fundos.

A seguir, explicamos os principais pontos da resolução e como ela afeta o setor financeiro.

O que é a Resolução 4966 do BACEN?

A Resolução 4966 é uma norma do Conselho Monetário Nacional que trata dos critérios contábeis aplicáveis a instrumentos financeiros em instituições autorizadas pelo Banco Central. 

Ela substitui um emaranhado de normativos antigos por um conjunto mais claro e atualizado. 

Na prática, a 4966 busca alinhamento com padrões internacionais (como os do IFRS 9 e do BIS) e reforça a consistência das demonstrações contábeis, principalmente nos seguintes pontos:

  • Classificação e mensuração de ativos e passivos financeiros;
  • Provisão com base em perda esperada (em vez de perda incorrida);
  • Regras mais robustas para reconhecimento de perdas e reestruturações;
    Reconhecimento e documentação de operações de hedge.

Principais mudanças introduzidas pela Resolução 4966

A norma é extensa, mas alguns pontos se destacam por seu impacto direto nos processos internos das instituições: 

Novos critérios para classificação e mensuração de ativos financeiros

A classificação dos ativos agora depende de dois fatores: o modelo de negócios da instituição e as características contratuais dos fluxos de caixa. 

Eles são classificados em:

  • Custo amortizado: quando o ativo é mantido para receber fluxos contratuais;
  • Valor justo em outros resultados abrangente: se houver intenção de vender o ativo, além de receber fluxos;
  • Valor justo no resultado: para os ativos que não se enquadram nos dois anteriores.

Este formato exige maior clareza na definição dos modelos de negócio — e exige que eles estejam documentados e aprovados pelo conselho da instituição.

Implementação do modelo de perdas esperadas

Sai de cena a abordagem baseada em perdas incorridas (já defasada), e entra o modelo de perdas esperadas. 

Agora, a instituição precisa estimar quanto pode perder ao longo da vida útil do ativo — e provisionar esse risco logo no início.

Os ativos passam a ser alocados em “estágios”, conforme o nível de risco de crédito, e a provisão acompanha essa classificação. A lógica é mais preventiva, mas também mais exigente do ponto de vista analítico e sistêmico.

Impactos da Resolução 4966 nos setores de pagamentos e investimentos

Para fintechs e bancos digitais, que costumam lidar com grande volume de transações e crédito pulverizado, o desafio está na modelagem de risco: será necessário calibrar bem os critérios de alocação por estágio e aprimorar a coleta de dados para não provisionar acima (ou abaixo) do necessário.

Operadoras de pagamento e instituições com modelos baseados em antecipação de recebíveis também terão que repensar suas estratégias contábeis, especialmente nas reestruturações. A resolução exige mais documentação, mais critérios objetivos e maior transparência.

Gestoras e distribuidoras de fundos que trabalham com FIDCs, debêntures e outros instrumentos de crédito vão precisar revisar os critérios de classificação dos ativos e a documentação das operações de hedge — o que impacta diretamente as demonstrações e os relatórios para cotistas.

O que diz o Bacen sobre a implementação da Resolução 4966

A norma entra em vigor em 2025, mas há exceções. A contabilidade de hedge, por exemplo, só passa a valer em 2027. 

O Banco Central exige que as instituições mantenham planos de implementação desde 2022 — e algumas adaptações foram atualizadas pela Resolução 5.146/2024, como:

  • Faculdades de alocação inicial no primeiro estágio para ativos em carteira;
  • Metodologia simplificada de perda esperada para instituições S4 e S5;
  • Uso transitório da taxa de juros repactuada até 2026 para ativos reestruturados.

Ou seja: o Bacen está sinalizando a necessidade de planejamento antecipado, com foco em governança contábil, consistência metodológica e auditoria interna.

Como as instituições podem se preparar para as mudanças

Alguns caminhos práticos para adaptação são revisar os modelos contábeis e de risco, adaptando sistemas internos para o novo padrão de classificação e provisão.

Da mesma forma, criar ou ajustar políticas internas, como forma de prever alocação por estágios, renegociações e critérios objetivos para descaracterização de ativos problemáticos.

Além disso, entra também a documentação a cada passo, especialmente para atender às exigências de evidência e rastreabilidade do Bacen. Isso tudo fora o investimento em tecnologia, especialmente ferramentas que apoiem a análise preditiva de crédito e mensuração de perdas.

Para muitas instituições, esse movimento será também uma oportunidade: um sistema contábil mais robusto é também um diferencial competitivo, que aumenta a confiança de investidores e regulações cruzadas (CVM, ANBIMA, etc.).

A Resolução 4966  é um convite para elevar o nível da governança contábil e da gestão de riscos.

Se a sua instituição ainda está na fase de adaptação, vale revisar o framework antifraude e os controles de risco de crédito!

Deixe seu comentário

Prometemos não utilizar suas informações de contato para enviar qualquer tipo de SPAM.

Newsletter

Cadastre-se e receba todos os nossos conteúdos por e-mail, em primeira-mão.

Ao informar meus dados, estou ciente das diretrizes da Política de Privacidade.

Veja outras notícias relacionadas

Imagem de um celular com uma tela abrindo um app do Pix com grafismos ao fundo
Novas regulamentações do Pix para instituições de pagamentos
imagem-credenciadores-hub-conciliacao
Credenciadoras realizam monitoramento de interchange no RTM Hub Conciliação
imagem-noticia-normas-do-bacen
Normas do Bacen reforçam segurança no SFN: RTM pode apoiar na adaptação