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Destaques do Ciab Febraban 2021
PorRTM
Imagem: noomis - Febraban
Imagem: noomis - Febraban

Em mais uma edição totalmente online e gratuita, o Ciab Febraban 2021 (Congresso e Exposição de Tecnologia da Informações das Instituições Financeiras), realizado entre os dias 22 e 25 de junho, reuniu executivos de instituições financeiras e especialistas para um debate sobre a transformação digital do setor.

O maior evento de tecnologia e inovação do setor bancário no país destacou a retomada conectada, sustentável e resiliente do mercado, trazendo, em cerca de 30 painéis, temas como inteligência artificial, cibersegurança, ESG, open banking, 5G, privacidade dos dados, entre outros. Todos os painéis ainda estão disponíveis no site da noomis.

Veja um resumo de como foi.

“Setor financeiro terá papel estratégico na retomada pós-crise”

O painel de abertura do Ciab foi “Presidentes dos bancos: os aprendizados da pandemia e a projeção para uma retomada sustentável”, com a participação de líderes do Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Santander e BTG Pactual.

Isaac Sidney, presidente da Febraban, destacou que a capacidade de inovação é o grande trunfo do setor financeiro, já que mesmo em uma crise sanitária sem precedentes, as instituições rapidamente se mobilizaram para ampliar a oferta e acesso ao crédito a famílias e empresas, a fim de amenizar os efeitos da pandemia. “Não dá para negar o protagonismo dos bancos na estratégia de combate aos impactos econômicos da pandemia”, reforçou Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco.

Os executivos também concordaram que, para cenários otimistas se concretizarem, a melhor política econômica do momento é a vacinação. Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, lembrou que há projeções de crescimento de 6% para o PIB global, o que pode ajudar o Brasil. “Temos de correr para acompanhar a curva, a vacinação é crucial”, disse Sallouti. Já Fausto de Andrade Ribeiro, presidente do Banco do Brasil, reforçou que há expectativas de crescimento para o PIB do país em 2021 em até 5,8%, mas ressaltou que para atingirmos este prognóstico, é preciso que o mercado financeiro continue facilitando o acesso a crédito.

Além do mundo pós-pandemia, um outro destaque do painel foi a agenda ESG (ou ASG, em português). “É preciso dar peso ao social da sigla ASG”, disse Pedro Duarte Guimarães, presidente da Caixa Federal, reforçando que a preservação do meio ambiente também está ligada à capacidade de fomentar o desenvolvimento econômico. Para o presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, uma das frentes da pauta ESG no Brasil pode estar na atração de capital para grandes projetos de infraestrutura, como o marco regulatório do saneamento básico. “Não tem rio limpo sem esgoto tratado”, resumiu. 

Inovação no setor financeiro: open banking, novas tecnologias e o Sandbox

“O open banking vai permitir a plena digitalização. […] Vai no sentido da mobilidade digital e interoperabilidade que vemos acontecendo em vários segmentos”, avaliou João André Pereira, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central do Brasil, no painel “Open banking traz oportunidades de monetização e põe cliente no comando”.

Marcos Cavagnoli, diretor de Cash Management e orquestrador das iniciativas de Open Banking do Itaú Unibanco, participou da conversa e destacou como um dos pontos mais importantes do projeto de open banking a oportunidade de poder entender, a partir dos dados, o contexto do cliente para construir um produto com ele. “É uma mudança enorme na forma como construímos e entregamos os produtos.” Já Seshika Fernando, vice-presidente e head de BFSI Practice da WSO2, ressaltou que a experiência do usuário precisa ser fácil e segura, com uma comunicação clara, já que vai ser uma transição de um sistema fechado para um ambiente aberto e colaborativo.

No painel “Portas abertas para a inovação no setor financeiro: o open banking, as fintechs e o Sandbox”, Thiago Affonso, diretor de negócios digitais do Banco do Brasil (BB), comentou que a combinação de novas tecnologias, como inteligência artificial (IA), com modelos analíticos e UX (User Experience), leva a uma era da personalização das soluções dos bancos. Mas para Marc Andrews, vice-presidente e líder global de Serviços Financeiros e Seguros da Pega, instituições ainda precisam ampliar suas atuações para chegarmos neste nível de integração. “Por exemplo, eu uso iPhone para controlar meus dispositivos domésticos. Todas essas coisas interagem e trabalham de forma invisível. Só que isso não acontece hoje no ambiente bancário”, ressaltou.

No quesito inovação, Angelo Duarte, chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, lembrou que o Brasil é um dos líderes neste quesito e citou iniciativas como o LIFT (Laboratório de Inovações Financeiras Tecnológicas), programa no qual a RTM é parceira tecnológica, e o Sandbox Regulatório, lançado pela autoridade monetária no ano passado.

Bruno Diniz, diretor da Financial Data & Technology Association (FDATA) para América Latina e sócio da Spiralem Innovation Consulting, ressaltou que, no Reino Unido, onde a experiência sandbox já tem cinco anos, os resultados foram positivos, tornando a regulação mais proativa e colocando em xeque o modelo verticalizado do setor financeiro. Para ele, iniciativas de inovação neste setor tem ganhos muito relevantes, como atingir novos públicos que ainda não foram incluídos no sistema financeiro.

Com a intensa digitalização, o alvo de cibercrimes passou a ser o cliente

Especialmente na pandemia, o uso dos canais digitais das instituições financeiras cresceu aceleradamente e, junto disso, o número de golpes e ataques aos clientes aumentaram quase que na mesma medida. Este cenário foi debatido no painel “Cibersegurança: Tecnologia e educação no combate a golpes e fraudes”, que contou com a participação do agente da Polícia Federal, Erik Siqueira.

Para ele, a palavra-chave no combate ao crime cibernético é cooperação. “O criminoso é oportunista, portanto, ele vai tentar explorar o lado mais frágil. E como na pandemia houve um processo de bancarização muito grande, os novos clientes que vieram para as plataformas digitais não tinham uma cultura de segurança. É onde precisamos trabalhar mais agora”.

Rafael Giovanella, gerente-geral da Unidade Estratégica de Segurança Cibernética e Prevenção a Fraudes do Banco do Brasil, ressaltou que, além do crescimento exacerbado do uso de canais digitais, a complexidade atual das camadas de segurança nos bancos torna a probabilidade de o criminoso ter sucesso em um golpe muito pequena e isso também ajudou a transformar o cliente em alvo principal. “Conforme dados catalogados pela Febraban, mais de 70% dos golpes no mundo digital estão relacionados a engenharia social. E não estamos falando de criminosos altamente sofisticados ou com profundos conhecimentos de tecnologia. Mas de pessoas que buscam através de uma manipulação psicológica levar sua vítima a entregar seus dados bancários, suas senhas ou até mesmo realizar transações financeiras”, disse.

Nuno Pires, head de Operações Globais da Feedzai, empresa que usa tecnologia de inteligência artificial no combate a crimes financeiros, destacou que, mesmo que instituições tenham uma forte infraestrutura de segurança, sempre há espaço para melhorar. “Se pensarmos no que aconteceu nos últimos 15 meses, pode se dizer que tivemos o que chamamos de a tempestade perfeita. A pandemia possibilitou um incremento inacreditável”.

5G vai viabilizar novos serviços digitais e melhorar a experiência do cliente

No painel “Revolução do 5G: A conectividade no Brasil e as oportunidades para o setor”, umas das principais expectativas citadas pelos especialistas convidados é a abertura de caminhos para o surgimento de novos serviços digitais no setor financeiro.

Para Antônio Carlos Wagner Chiarello, diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, o 5G tem a capacidade de transformar a infraestrutura dos serviços financeiros, hoje ainda mais tradicional – apesar da intensa digitalização – para um modelo baseado no mobile, que levaria acesso, informações e serviços para uma parcela muito maior da população. Já Katia Vaskys, gerente-geral da IBM Brasil, enxerga um ganho nos relacionamentos interpessoais e entre pessoas e empresas. “[…] Hoje, como os indivíduos estão cada vez mais conectados, informados, inteligentes, eles buscam valores sólidos em todas as relações, inclusive nas relações de consumo. E isso vai exigir cada vez mais modelos de negócio diferenciados”.

Ela também apontou prováveis mudanças que veremos com o aumento da velocidade e da capacidade proporcionadas pela rede 5G. “Com o 5G, vamos poder explorar soluções que exigem altas taxas de transferência de dados. […] No varejo, veremos redes de altíssima velocidade que vão oferecer experiências imersivas com o uso massivo de inteligência artificial”, disse Vaskys.

O vice-presidente B2B da Vivo, Alex Salgado, acredita que tanto no mundo dos negócios, quanto em todos os outros setores, a digitalização já é um imperativo para a existência das empresas e o 5G vai viabilizar a aplicações que hoje ainda não são possíveis. “Nós já temos conexão para monitoração etc, mas com o 5G vamos ter aplicações de missão crítica, tal como a gestão da qualidade fim a fim”.

Já Emmanoel Campelo, vice-presidente da Anatel, ressaltou o potencial do 5G para reduzir as desigualdades e impulsionar o desenvolvimento econômico do país, citando como exemplo a dificuldade de jovens estudantes de baixa renda terem acesso à dispositivos e conectividade em suas casas, para estudarem durante o isolamento social provocado pela pandemia. Ele corrobora sua opinião com a pesquisa TIC Domicílios do IBGE, que diz que 99% da população brasileira acessa a internet por meio de rede celular.

“O ecossistema de startups é o Brasil que deu certo”

Flavio Pripas, investidor da Redpoint Eventures, ressaltou a resiliência das startups neste período de crise no painel “Techs e e-commerce em expansão: a reinvenção na crise”.  Para ele, a principal razão é que muitas delas já tinham operações completamente digitais e, que por isso, conseguiram crescer ainda mais neste período, e aquelas que não tinham, se reinventaram e recorreram às soluções e tecnologias disruptivas rapidamente. Pripas ainda destacou um estudo recente do Distrito que mostra que as startups brasileiras já receberam, em 2021, mais de 90% do valor de investimentos realizados no ano passado.

Frederico Pompeu, sócio do BTG Pactual e head do boostLAB, laboratório de inovação do banco, reforçou que o setor financeiro é um dos que mais investem neste ecossistema. “Hoje, a gente verifica que os ciclos [de inovação] estão muito mais rápidos. Antigamente, uma empresa demorava 30 ou 50 anos para se tornar grande e fazer um IPO. Atualmente, uma empresa é criada e, seis anos depois, já é um grande player no seu setor”, disse.

A co-head do Cubo Itaú, Renata Zanuto, observa que o surgimento de mais startups, especialmente de 2020 pra cá, também ocorre porque ainda há muitos desafios e oportunidades para a criação de novas soluções no ecossistema financeiro. “No Cubo, nós falamos que o ecossistema de startups é o Brasil que deu certo”, disse.

Os participantes do painel também ressaltaram que um impulsionador neste crescimento do número de novas empresas são os provedores de computação em nuvem, que permitem que as startups contem com uma boa infra sem a necessidade de adquirir grandes servidores. Além disso, a personalização no atendimento ao consumidor é outro diferencial.

“Pix cai no gosto do brasileiro; onde ele vai chegar?”

Os próximos passos do Pix foram discutidos no painel “Pix cai no gosto do brasileiro; onde ele vai chegar?”, com a participação de João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central.

Ele destacou que operações por aproximação – como já é feito com cartões de crédito – e função offline são algumas das novidades previstas para o 2º semestre ainda deste ano. Esta última beneficiará principalmente moradores de regiões com baixa cobertura de internet. Além disso, para 2022, são planejadas a disponibilização de funcionalidades como Pix Internacional, para transferências ao exterior, e Pix Garantido, para o parcelamento em compras.

Elaine Shimoda, head de inovação em Pagamentos do Mercado Livre e Mercado Pago, destacou os benefícios da chegada do Pix como nova modalidade de pagamento na plataforma, proporcionando mais rapidez na aprovação e distribuição dos produtos, especialmente às sextas-feiras. Ela ainda afirmou que 55% dos clientes do portal já utilizaram o Pix e o que número deve aumentar na medida que os clientes forem se habituando às vantagens do pagamento instantâneo.

Um outro ponto importante citado no painel foi a segurança, que vem se mostrando confiável nestes sete meses de operação. Mas para reforçá-la ainda mais, Mello confirmou a função Mecanismo Especial de Devolução, que deverá ser um golpe contra fraudadores, permitindo o ressarcimento em casos de falhas operacionais.

Fonte: noomis

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