PTEN

rtm-logo__1_

Compartilhe

Desafios dos meios de pagamento no Brasil
PorRTM
Confira o que esperar em meios de pagamentos

Há alguns anos, a realidade do setor financeiro do Brasil parecia estar traçada e sem chances de mudar. Os consumidores se viam sem tantas opções: ou usava-se um dos cinco grandes bancos e dois adquirentes dominantes, ou ficava-se sem muita escolha. Hoje, apesar de ainda altamente concentrado, o mercado nacional vê um alto crescimento por novas alternativas, caminhando para uma nova realidade.

No estudo Meios de Pagamento no Brasil, produzido pelo Distrito Dataminer, descobriu-se que, de 553 fintechs mapeadas, a maioria atua no segmento de meios de pagamento. São 115 startups atuando nesse setor e promovendo serviços como mobile payment, processamento e também com foco nos pontos de venda (as famosas maquininhas).

Esse dado demonstra o quanto o mercado tem alto potencial, atraindo players interessados em pegar uma parte dessa fatia. Mas os números não param por aí. Abaixo, você pode conferir e entender mais sobre esse cenário.

Meios de pagamento mais usados no Brasil

Segundo dados do Banco Central, Dinheiro, Cartão de Débito e de Crédito são os meios de pagamento mais comuns para os brasileiros, nessa ordem. No entanto, o uso de dinheiro vem diminuindo e o de cartões crescendo. Os gráficos abaixo demonstram bem essa realidade.

Além disso, atualmente o cartão (tanto débito quanto crédito) corresponde a quase metade do volume movimentado no país, com 41,5%. Já dinheiro (36,5%) e cheque (22%) vem logo em seguida.

Ao olharmos esse cenário, percebemos o quanto o cartão foi substituindo aos poucos os outros meios e ganhando força nos dias de hoje. Mas é importante também entender como foi toda a evolução desse contexto e como esse meio de pagamento se tornou tão essencial.

O aumento dos usos de cartão

Agora que você já viu que o uso de cartões está crescendo, é importante entender melhor este cenário e como ele afeta os meios de pagamento. Altamente competitivo, o mercado brasileiro é um dos mais controlados e agressivos do mundo. Mas não foi sempre assim.

Até 2012, o mercado era regido por duas empresas: Redecard e Visanet, formando assim um duopólio responsável por mais de 90% do mercado de cartões de débito e 80% dos cartões de crédito. Os lojistas que quisessem aceitar cartão teriam, então, que utilizar uma dessas duas maquininhas. Tendo em vista esse cenário, empresas como  American Express, Sollo (HSBC), Cabal e outras bandeiras regionais enfrentavam o desafio de distribuição e entrada no mercado.

Contudo, em 2009, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) botou um fim sobre a exclusividade contratual da bandeira Visa com a Visanet. Depois, em 2010, o Banco Central do Brasil possibilitou que qualquer adquirente aceitasse Visa e Mastercard e, em 2013, enfim, foi lançado o novo marco regulatório para os arranjos de pagamento no Brasil, sob o comando do Conselho Monetário Nacional e BCB.

Dessa forma, o caminho ficou livre para a entrada de novos players, como Getnet, Elavon, Global Payments, First Data e Stone. Depois, PagSeguro, Adiq, Única, Adyen e as mais nova entrantes tiveram, obviamente, menor esforço de entrar nesse ecossistema, mas não sem serem pressionadas para encontrar um modelo de distribuição forte, já que Bradesco, Itaú e Santander, impulsionam via pacote bancário, a distribuição de Cielo, Rede e Getnet.

Atualmente, a participação das duas maiores credenciadoras foi de 90% para 61% e a taxa média recebida pelo adquirente em cada transação caiu de 1,45% para 0,5% (Boostlab). Lojistas e consumidores agradecem – e os números reforçam.

Desafios dos meios de pagamento no Brasil

Agora que você entendeu o contexto brasileiro, é hora de compreender os principais desafios que o setor de meios de pagamentos enfrenta.

Desbancarizados

Apesar do uso dos cartões ser alto no Brasil, há um fator que trava e dificulta o aumento do uso por uma grande parte da população: a alta taxa de desbancarizados no país. Mais de 45 milhões de brasileiros estão afastados dos bancos por ter baixa renda, ser menos conectados, morar em locais afastados de agências e trabalhando informalmente, além de não ter uma boa percepção de bancos e preferir receber e pagar em dinheiro. Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, 1 a cada 3 brasileiros não possui conta bancária.

Portanto, saber acessar a população desbancarizada é um desafio para todos os players que atuam com meio de pagamento. Alguns têm mais probabilidade de terem uma abordagem mais assertiva, como é o caso do mobile payment.

Novos hábitos

É fato que o consumidor de hoje é muito diferente daquele de 10 anos atrás. Há uma diferença clara de comportamento, hábitos, forma de pensar e até de utilizar ferramentas digitais.

Como falado, o mobile payment acaba sendo uma opção para alcançar o consumidor atual e aquele que está dentro da parcela desbancarizada. Os principais players de Mobile Payments são:

  • As wallets das próprias empresas de smartphones e gadgets (Apple Pay, Samsung Pay e Google Pay).
  • Os apps de grandes bancos (que estão se desenvolvendo rapidamente para não perder relevância).
  • Os apps de grandes plataformas de tecnologia, como PayPal, Facebook Messenger, WeChat Pay e AliPay, que permitem que você mantenha um saldo e transfira dinheiro rapidamente para outros usuários.

Pagamento instantâneo

O pagamento instantâneo no Brasil é um desafio que começa a ganhar cada vez mais força porque pode agitar bastante o setor de meios de pagamento à medida que o cartão físico e as transferências bancárias tradicionais poderão perder espaço no mercado.

Em março deste ano, o Banco Central publicou uma circular oficializando o “BR Code” –  padrão único para QR Codes a serem usados nos meios de pagamento, que deverá ser obrigatório em seis meses.

A medida traz novas regras ao mercado e promete mudar muito a dinâmica de como tudo é regido tanto nos próximos meses quanto em longo período de tempo.

Em nota, o Bacen afirmou: “As novas regras têm o objetivo de aumentar a transparência para os usuários finais, tanto pagadores quanto recebedores, ampliando e melhorando o acesso a informações e, dessa forma, criando um ambiente pró competição no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)”.

Nova Economia e período de mudanças

Outro desafio que o mercado de meios de pagamentos deve enfrentar é a constante mudança que afeta todos os setores. Nomeada de Nova Economia é conhecida como a era de transformações em que empresas, startups e pessoas estão tendo que se adaptar. Novos hábitos, comportamentos, produtos estão surgindo com essa mudança do offline para o online. Inclusive momentos de crise também estão alterando a regra do mercado. Como por exemplo a nova medida do governo que visa reduzir os efeitos da crise causada pelo coronavírus.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou na quinta-feira (02/04) que fintechs de crédito passem a emitir cartões de crédito. De acordo com o Banco Central, essas startups têm a capacidade de atingir mais pessoas, por conta de sua capilaridade, podendo atender “segmentos com reduzido histórico de crédito no país”, como é o caso do microempreendedor individual (MEI).

Newsletter

Cadastre-se e receba todos os nossos conteúdos por e-mail, em primeira-mão.


    Prometemos não utilizar suas informações de contato para enviar qualquer tipo de SPAM.

    Veja outras notícias relacionadas

    Notebook aberto em cima de uma escrivaninha de madeira com objetos de escritório. Na tela, uma notícia sobre o Pix via Open Finance.
    Pix via Open Finance? Como as instituições devem se preparar
    Imagem da mesa de operações Trade Solution em cima de uma bancada de madeira.
    Diferenciais de uma plataforma integrada para mesa de operações financeiras
    imagem-artigo-marcio-tokenizacao
    Tokenização de ativos: como contribuir com a evolução deste mercado no Brasil?