A bioeconomia é uma resposta inovadora e promissora para os desafios globais que envolvem o meio ambiente e os modelos econômicos.
Mudanças climáticas, esgotamento dos recursos naturais e a necessidade de uma abordagem mais sustentável para a produção e consumo fazem com que esse tema se destaque progressivamente como uma alternativa possível.
Mas como o mercado financeiro se relaciona com esse tema? Quais são os desafios e as oportunidades reais? E o que devemos esperar nos próximos anos?
Veja a seguir!
A relação entre bioeconomia e o mercado financeiro no Brasil
A bioeconomia encontrou um lugar de destaque no setor financeiro, onde os investidores estão se tornando mais conscientes dos impactos ambientais e sociais de suas decisões.
Um exemplo notável é a compra de ativos de compensação de carbono ou créditos de carbono, nos quais empresas que não conseguem, seja pela natureza da sua operação ou por outros fatores, cumprir o limite de emissão de carbono buscam oportunidades para compensar e neutralizar suas emissões.
Ou seja: essas empresas investem em projetos que promovam a conservação florestal, restauração de ecossistemas e outras iniciativas que reduzam o impacto ambiental de suas atividades.
Esses créditos fazem parte de uma iniciativa que ajuda países a alcançarem suas metas de redução de emissão de gases. Na prática, a cada uma tonelada de gás poluente não emitida pelo país, gera-se um crédito de carbono. Os créditos são certificados pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e podem ser comercializados para países que não alcançaram suas metas.
Por exemplo, o Brasil pode vender um de seus créditos de carbono para a Alemanha e, com a compra desse ativo, a Alemanha fica mais próxima de bater sua meta de redução de emissão de gases.
É importante ressaltar que o Brasil é um país de dimensões continentais e detentor de vastos recursos naturais, ocupando uma posição estratégica no contexto global.
Com a maior parte de seu território coberta por florestas tropicais e uma rica biodiversidade, o país possui um imenso potencial para desenvolver iniciativas inovadoras e sustentáveis.
Além de contribuir para a sustentabilidade global, os investimentos nela podem trazer vantagens significativas para os participantes do mercado financeiro.
Empresas que adotam modelos de negócios baseados na bioeconomia têm a oportunidade de se destacar em seus setores, atraindo uma base crescente de consumidores conscientes e valorizando suas marcas no mercado.
A evolução dos meios de pagamentos ao longo dos anos e as perspectivas para o futuro
Principais desafios e oportunidades da bioeconomia
Um dos principais desafios que a bioeconomia enfrenta atualmente é a necessidade de aprimorar a regulação para garantir o desenvolvimento sustentável do setor.
Há algumas práticas sustentáveis definidas pela CVM no mercado de fundos, por exemplo, como a resolução 59/21, que substituiu as instruções 480 e 481, no qual define normas reguladoras para as empresas de capital aberto, referentes à adoção de práticas de ESG.
Mas se considerarmos especificamente esse tema, do ponto de vista específico, não há um marco regulatório.
Porém, existe um movimento, como o Projeto de Lei Complementar (PLP) 150/22 que institui uma política nacional para desenvolver a bioeconomia no Brasil e está na Câmara dos Deputados.
Só que, apesar dos desafios regulatórios, ela oferece um vasto potencial de crescimento para o mercado financeiro.
Um dado impactante da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) que evidencia essa oportunidade é a projeção de faturamento industrial adicional de US$ 284 bilhões por ano até 2050, atribuído à bioeconomia.
Isso ilustra o poder transformador desse modelo econômico e o quanto ele pode impulsionar a economia de forma responsável e alinhada com a conservação ambiental.
E, como já foi dito, o potencial natural do Brasil também pode ser entendido como uma oportunidade: o país possui um cenário propício para o desenvolvimento de projetos inovadores e atração de investimentos no setor.
Além disso, a exploração consciente dos recursos biológicos brasileiros pode contribuir significativamente para a preservação da Amazônia e de outros ecossistemas estratégicos, ao mesmo tempo em que promove o progresso econômico.
Perspectivas para os próximos anos
As perspectivas para os próximos anos apontam para uma crescente valorização dos ativos de bioeconomia no mercado financeiro.
As empresas que adotarem modelos de negócios sustentáveis e inovadores, com a incorporação de princípios bioeconômicos em suas estratégias, têm potencial para se valorizar no mercado.
E é aí que entram temas como mercado de carbono e Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).
Ao mesmo tempo, com a crescente valorização dos ativos de bioeconomia, a transparência se tornará uma questão cada vez mais crucial para o mercado financeiro. E, com isso, a busca por ativos depende de que eles sejam genuinamente sustentáveis.
Esta será uma prioridade para os investidores, que estarão atentos para evitar práticas de “greenwashing” — um termo que descreve a promoção enganosa de um produto, serviço ou empresa como ambientalmente amigável quando, na realidade, não é.
Para garantir a integridade das oportunidades de investimento nesse caminho, é essencial que as empresas e projetos apresentem informações claras e verificáveis sobre suas práticas sustentáveis (em harmonia com o ESG que falamos também).
Isso inclui dados sobre a origem dos recursos utilizados, seus impactos ambientais e sociais, além de evidências de conformidade com padrões de certificação e regulamentações ambientais.
Agora, indo além de sustentabilidade, como podemos entender outros fatores que influenciam e vão influenciar o mercado de investimentos? Veja no que ficar de olho!